quinta-feira, 14 de julho de 2011

Terrorismo poético (inspirações para nossa intervenção)


Capítulo de "Caos, os Panfletos do Anarquismo Ontológico" (parte um de "Z. A. T."),
de Hakim Bey

ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos- telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arrombe casas mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz. Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver.
Pregue placas comemorativas de latão em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc. Ande nu por aí. Organize uma greve em sua escola ou local de trabalho, com a justificativa de que não estão sendo satisfeitas suas necessidades de indolência & beleza espiritual.A Arte do grafitti emprestou alguma graça à metrôs horrendos & rígidos monumentos públicos. A arte Poético-Terrorista também pode ser criada para locais públicos: poemas rabiscados em banheiros de tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques e restaurantes, arte xerocada distribuída sob limpadores de pára-brisa de carros estacionados, Slogans em Letras Grandes grudados em muros de playgrounds, cartas anônimas enviadas a destinatários aleatórios ou escolhidos (fraude postal), transmissões piratas de rádio, cimento fresco...
A reação da audiência ou o choque estético produzidopelo Terrorismo Poético deve ser pelo menos tão forte quanto a emoção do terror: nojo poderoso, excitação sexual, admiração supersticiosa, inspiração intuitiva repentina, angústia dadaísta - não importa se o Terrorismo Poético é direcionado a uma ou a várias pessoas, não importa se é "assinado" ou anônimo; se ele não muda a vida de alguém (além da do artista), ele falhou.
O Terrorismo Poético é um ato em um Teatro de Crueldade que não tem palco, nem assentos, ingressos ou paredes. Para funcionar, o TP deve ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais de consumo de arte (galerias, publicações, mídia). Mesmo as táticas guerrilheiras Situacionistas de teatro de rua já estão muito bem conhecidas e esperadas, atualmente.
Uma requintada sedução levada adiante não apenas pela satisfação mútua, mas também como um ato consciente por uma vida deliberademente mais bela: este pode ser o Terrorismo Poético definitivo. O Terrorista Poético comporta-se como um aproveitador barato cuja meta não é dinheiro, mas MUDANÇA.
Não faça TP para outros artistas, faça-o para pessoas que não perceberão (pelo menos por alguns momentos) que o que acabaste de fazer é arte. Evite categorias artísticas reconhecidas, evite a política, não fique por perto para discutir, não seja sentimental; seja impiedoso, corra riscos, vandalize apenas o que precisa ser desfigurado, faça algo que as crianças lembrarão pelo resto da vida - mas só seja espontâneo quando a Musa do TP tenha te possuído.
Fantasia-te. Deixa um nome falso. Seja lendário. O melhor TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte como crime; crime como arte

sábado, 2 de julho de 2011

O que é o vazio pra você?

Relatos dos integrantes:

Quando o barulho lá fora... Como começar a esvaziar? O pensamento se atravessa no encalço/percalço da vida. O vazio gera a imprevisão. Como? Um vazio. Um aço. Um espaço dentro de uma sintonia.
Um copo vazio pronto para se encher de água. O mata-sede de mim. A música não para de tocar. Abandona-me aqui dentro, Deus, Deusa! Shirley é vazia, e por isso a plenitude. O pleno voar do vazio. ''Salve o samba, salve a santa, salve ela."
O som. A música.
Cadê o silêncio? Ficou lá fora, por trás dos prédios.
Cadê o silêncio? Ficou lá fora, por trás de mim.
Shirley tenta... Vitor envolto no templo. E eu, buscando o vazio aqui dentro. A conversa que eu carrego e me abrigo para onde for. Um silêncio louco rouco que grita e tenta se manisfestar. Um terreno de fantasmas. Um sonho cheio de imagens, pronto pra se realizar dentro de mim. E eu? O vazio de (re)começo . Um caderno com folhas em branco.
João Júnior

O vazio fica no meu rim? O que eu quis dizer com isso? O que é meu corpo?
Não sinto o vazio como pleno. O pleno e o vazio deveriam ser antagônicos.
Não os vejo assim por quê? Por causa da arte? Será que a arte tem possibilidade de transformar o vazio em pleno? Pleno de possibilidades, pleno de caos. O que o CAOS é senão um emaranhado de vazios explodindo em corpos nus e poéticos?
Luiz Cláudio Cândido

Um tudo cheio de nada, a sua imagem refletida na água.
Sem cor, sem vida, sem nada.
Vazio como vento, vago de nada.
O percorrer da música que invade seu corpo, o cansaço do escuro.
Tudo refletindo o mundo, tudo igual a você
Que te acorrenta ao vazio.
Vozes, barulhos, perguntas
O som do porque, resto de tudo.
Memórias em terra
A luz ilumina o nada de tudo
Construção que invade a alma!
O que resta de tudo?
Passado, imagem, água, escombros.
O medo de cair, os passos atentos
A captação do olhar...
Bruna Giordana

Existe um vazio no que eu sinto. Não, na verdade, não existe um vazio no que eu sinto, existe um vazio no que eu não sinto, no que eu não consigo expressar. O vazio do que eu queria sentir, ou fazer, mas não tenho como. E ai fica tudo guardado, em desuso.
Mas apesar disso, eu não paro de viver por causa dele, eu ainda saio, rio, converso (as vezes até demais). Mas ele está lá. As vezes fica lá, dormindo, por um bom tempo. Acho que ele sumiu. Acho que finalmente estou feliz com o que tenho. E tudo parece bem. E está bem. Mas ele volta sutilmente. Ou não. Pode ser uma fisgada no estômago, pode ser um nó na garganta, uma cadeira vazia... ou pode ser uma avalanche de lembranças. E novamente ele está lá. Novamente eu me lembro o que é conviver com ele. Constantemente .
Tantas coisas perdidas no mar, tantas levadas com o vento...
Não extintas, mas transformadas, e tudo está guardado na minha memória.
Sinto que o vazio é o diálogo dos silêncios, cacos colados.
Basta um estimulo por menor que seja e logo minha cabeça é inundada por um tsunami de memórias... é como se revivesse tudo num instante, porém no instante seguinte recordo o fim, o que me trás de volta é a realidade mais uma vez no presente, este vazio cheio de passado. E um passado vazio pesa mais que um cheio.
Mari Silva

Vazio é uma coisa muito louca! Existem vários tipos de vazio, o que me deixa fascinado! É o vazio que fica dentro do nosso coração ''casa'' por determinada coisa. O vazio pode ajudar na vida, o vazio modifica a vida, modifica tudo. De uma certa forma o vazio é forma de expressar o ''nada'' que está à nossa volta. Uma volta muito louca que se torna uma coisa nova e produtiva. Do vazio surge algo.
Vitor Hugo